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Estados Unidos negam que irão retirar tropas do Iraque

Secretário de Defesa negou informação contida em carta. General Mark Milley disse que o documento divulgado era um “rascunho”

Os Estados Unidos não têm planos de retirar as tropas americanas do Iraque, disse nesta segunda-feira (6) o secretário de Defesa americano, Mark Esper. Ele negou as informações divulgadas horas antes que davam conta de que, em uma carta, os EUA tinham avisado ao segundo homem no comando militar iraquiano que iriam “reorganizar” as forças da coalizão para fazer uma retirada “segura e eficaz” do Iraque.

O documento, obtido e divulgado pelas agências Reuters e AFP, estava assinado pelo comandante das operações militares americanas no Iraque, William H. Seely.

– Respeitamos sua decisão soberana que ordena nossa saída – dizia o texto.

A carta indicava ainda que haveria “aumento no número de helicópteros sobrevoando a Zona Verde e suas imediações” – e o movimento aéreo já foi intensificado no centro de Bagdá.

– Ainda não há decisão de deixar o Iraque. Estamos tentando descobrir de onde isso veio, o que é isso – disse Esper, que afirmou desconhecer o conteúdo da carta.

Segundo o general americano Mark Milley, chefe do Estado-Maior do Exército, a carta era um rascunho que servia apenas para esclarecer o movimento das tropas americanas, que estão sendo reorganizadas na região.

– Mal formulada, [a carta] dá a impressão de retirada. Isso não é o que está acontecendo – disse Milley.

Mais cedo, o primeiro-ministro iraquiano, Adel Abdul Mahdi, já tinha confirmado que pretende autorizar uma medida aprovada pelo Parlamento local no domingo (5) que expulsa do país as tropas estrangeiras. Segundo ele, a retirada deve acontecer de maneira coordenada com Washington.

A sinalização aconteceu após uma conversa entre ele e o embaixador americano em Bagdá, Matthew Tueller, na qual o iraquiano pediu para os dois países “trabalharem juntos” para implementarem a resolução.

Mahdi conversou ainda com a chanceler alemã, Angela Merkel, nesta segunda, também para tratar da saída dos militares do território iraquiano.

Berlim mantém um pequeno contingente no país, que atua principalmente na luta contra o Estado Islâmico -mesma função da maior parte das tropas estrangeiras no Iraque.

Apesar de deixar claro que concorda com a retirada, o premiê ainda não endossou formalmente a medida, etapa necessária para que ela entre em vigor.

O Parlamento aprovou a expulsão das tropas estrangeiras em retaliação ao ataque americano ao aeroporto de Bagdá na última sexta (3), que matou o general iraniano Qassim Suleimani.

A ação gerou uma crise entre Washington e Teerã e aumentou os temores de um conflito generalizado na região.

Também nesta segunda, a Otan (aliança militar liderada pelos EUA) suspendeu todas as suas atividades no Iraque por questões de segurança.

O secretário-geral da entidade, Jens Stoltenberg, afirmou que Washington apresentou suas razões para o ataque durante uma reunião em Bruxelas nesta segunda.

Sem detalhar o que foi debatido, o norueguês afirmou que responsabilidade pelo ataque é apenas dos Estados Unidos, mas que a Otan está preocupada com as atividades iranianas no Oriente Médio.

Suleimani, o general morto, era exatamente o responsável por articular a extensa rede de aliados pró-Teerã que agem na região -uma miríade que inclui rebeldes, grupos radicais, milícias e até alguns governos.

O corpo do militar chegou nesta segunda a capital iraniana, onde foi recebido por uma multidão.

Sem citar diretamente EUA e Irã, o secretário-geral da ONU, António Guterres afirmou que o mundo vive seu momento de maior tensão dos últimos 20 anos.

– Minha mensagem é simples e clara: parem essa escalada. Exerçam o máximo de comedimento. Reiniciem o diálogo. Renovem a cooperação internacional. Não nos esqueçamos do terrível sofrimento humano causado pela guerra – afirmou ele.

Os Estados Unidos tinham cerca de 5.200 soldados no Iraque antes da chegada dos novos grupos desde a semana passada -o governo americano anunciou que mandaria entre 3.000 e 3.500 pessoas para a região depois da crise na embaixada em Bagdá.

Essas tropas integram a coalizão estrangeira formada para combater o grupo terrorista Estado Islâmico.

Não está claro ainda se o deslocamento de militares inclui os exércitos dos 76 países membros da coalizão ou apenas o americano.

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